domingo, 13 de maio de 2012

Livro - Esteiros

"Para os filhos dos homens que nunca foram meninos".

Não é uma história. Pelo menos, não como as histórias que costumamos ler: as que têm princípio e têm fim, mesmo que seja um fim aberto. Esta não é assim. Esta é apenas um relato de um ano na vida de vários rapazitos - Gaitinhas, Gineto, Sagui, Maquineta, Pirica, Coca, Guedelhas e Malesso - crianças que deixam a escola (ou nem sequer lá passam), porque é preciso ganhar dinheiro para a família. São crianças que roubam fruta dos pomares, porque sentem fome, que pedem esmola, porque a Fábrica Grande não lhes dá trabalho.
Esteiros é simplesmente o dia-a-dia de um grupo de amigos que passa a vida nas ruas, até chegar o verão e a oportunidade de irem, finalmente, trabalhar para os esteiros. É um sucessivo relato da miséria do povo português na primeira década do século XX, em Portugal, em que crianças praticamente analfabetas trabalhavam como homens. Porque era preciso ajudar a família que, embora pobre, continuava a crescer. Ou porque os meninos queriam mesmo comprar um par de botas ou um fato azul novo.
Não é um livro para qualquer leitor. Não é para os "netos" do Arturinho... É para quem já tenha ouvido histórias como as destas crianças, contadas na primeira pessoa pelos avós, tal como os meus avós já me contaram a mim. É para revermos os nossos avós nesta narrativa e termos mais respeito pelos sacrifícios que a sua geração fez.

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