quarta-feira, 25 de abril de 2012

Livro - Madame Bovary


Adoro críticas! Gostei da crítica social “à portuguesa” na escrita de Eça de Queirós, quando li A Relíquia; gostei da crítica social “à inglesa” na obra de Jane Austen, quando li Persuasão e Sensibilidade e Bom Senso; e agora gostei da crítica social “à francesa” que Gustave Flaubert introduziu em Madame Bovary.
Este livro conta a história de Emma, filha de um camponês, que casa com Charles Bovary, um médico de uma pequena localidade. Emma Bovary depressa se enfada com o casamento e constrói sonhos de amores, paixões ardentes e luxúrias, através dos romances que lê.
Para além da crítica à burguesia – os que se centram muito na religião e os que não acreditam de todo e estão constantemente a tentar provar a sua razão; os conformados e os ambiciosos -, aquilo que, penso, mais ligará uma leitora ao livro são os defeitos de Emma. E digo “leitora”, porque acho que haverá um pouco de Madame Bovary em cada mulher, seja nos seus desejos escondidos, na ambição, nas traições, nas mentiras, nas ingenuidades, nas grandes ilusões e expectativas no amor e depois nas ainda maiores desilusões amorosas. Eu que não me considero nada parecida à Madame Bovary de Flaubert, reconheço, em certas ingenuidades dela, algumas ingenuidades minhas. Flaubert consegue descrever uma personagem maioritariamente através dos seus defeitos e vícios, não levando, no entanto, o leitor a desgostar de Emma. Antes pelo contrário, cria-se um certo laço de compaixão e compreensão para com ela.
Madame Bovary é um livro nada entediante que eu recomendo.

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